quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"Naquele momento, meu bem, eu amei até suas artérias. Amei seus pulmões e o fato de poder dividir com eles o ar dos meus. Naquele momento eu amei cada póro seu. Cada fita de DNA que formava aqueles olhos castanho-esverdeados tão pequenos. Eu amei até as veias azuladas do seu pulso e o barulho da sua respiração. Te olhei e me peguei amando as manchinhas do seu rosto, naquele momento. E neste. E no próximo. Porque em todos eles sempre encontrarei mais um detalhe para eu amar. A bagunça dos teus cílios. As pintinhas das costas. Eu amei até seus ossos! Aquele que vai do ombro ao pescoço. O que contorna o tornozelo. A coluna vertebral inteira. Eu não sei o nome de nenhum, mas saberia desenhá-los perfeitamente. Eu amei até suas sardas! E a maneira como parecem nebulosas. Amei as rugas da sua testa quando franziu o cenho. Amei até o seu cerrar de mandíbula! O contraste da tua sobrancelha preta na pele branca. Naquele momento, eu amei cada uma das suas células. E então eu soube. Não só soube, como tive certeza, e provei aos meus sistemas e anti-corpos, que era ali, perto do seu corpo que eu gostaria de ficar."

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